"A satisfação está no esforço e não apenas na realização final"

Gandhi

segunda-feira, 30 de setembro de 2024

Resenha do livro "O último ancestral"

O último ancestralO último ancestral por Ale Santos
Minha nota: 5 of 5 estrelas

Muito mais que uma jornada do herói Afrofuturista

Este é o tipo de livro que a gente começa a ler e não quer que acabe. Quando cheguei nas últimas páginas, já estava sentindo aquela saudade de alguns personagens. Tanto que já comprei o outro livro do autor (A Malta Indomável), que também se passa no universo afrofuturista tão bem desenvolvido.
Em O Último Ancestral, de Ale Santos, somos apresentados a um futuro distópico com grandes avanços tecnológicos. Porém, um grupo é marginalizado nos arredores de um grande distrito que prospera. Nesse distrito, uma casta de seres híbridos, homem-máquina, tomou o poder, construindo uma sociedade onde crenças e cultos foram abolidos. No livro, acompanhamos as aventuras de Eliah, um herói improvável, em uma luta que, no início, é apenas pela sobrevivência, mas que, aos poucos, se revela como algo muito mais sobrenatural e uma verdadeira batalha pela libertação de um povo.
Já fazia um tempo que queria ler este livro. Conheci Ale Santos após algumas participações em podcasts que acompanho, e recentemente passei a escutar o dele também (Infiltrados no Cast). Quem já viu minhas resenhas sabe que sou fã de ficção científica e, ao saber que a temática deste livro envolvia também aspectos da cultura afro, meu interesse aumentou ainda mais. Peguei o livro para ler numa época complicada por causa do trabalho, e acabei fazendo uma leitura lenta, com poucos capítulos, sempre aos fins de semana.
Mas, o ritmo do livro é excelente. São capítulos curtos, que nos mantêm presos do início ao fim. Apesar de ter sentido um pouco daquela vibe de jornada do herói clássica, a história oferece muito mais. No fim, ler devagar acabou sendo positivo, pois pude acompanhar com calma o desenvolvimento dos personagens e do universo.
É justamente na construção desse universo — que mistura alta tecnologia com a ancestralidade africana — que o autor transcende a simples jornada do herói e cria uma história rica, com personagens que nos importamos profundamente com suas jornadas, além de um plano de fundo que tem o potencial de apresentar muitas outras histórias.
Se você também é fã de ficção científica, distopias ou se interessa por mitologia e cultura afro, O Último Ancestral certamente vai te chamar a atenção. É uma leitura que une tradição e modernidade de forma única, oferecendo não apenas uma aventura cheia de ação, mas também uma reflexão sobre identidade, ancestralidade e poder. Vale muito a pena mergulhar nesse universo criado por Ale Santos.

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domingo, 2 de junho de 2024

Resenha do livro "A Morte de Ivan Ilitch"

 

A Morte de Ivan IlitchA Morte de Ivan Ilitch by Leo Tolstoy
Minha nota: 5 de 5 estrelas

A Morte de Ivan Ilitch" mergulha na inevitabilidade da morte. Tostói desnuda a existência de Ivan Ilitch, revelando suas escolhas, arrependimentos e seu confronto doloroso com a finitude da vida.

Para mim, foi uma experiência diferente explorar as páginas desse autor clássico. Sua escrita é direta e envolvente. Este foi o primeiro livro que li do Tostói, me senti transportado para dentro das "cenas", tanto pela clareza nas descrições, como nos diálogos bens realistas.

Além da narrativa centrada na vida medíocre do personagem principal, o livro oferece uma perspectiva crítica sobre a sociedade da época, destacando os relacionamentos frágeis até mesmo com a família.

É impressionante como, mesmo após 150 anos de sua publicação, a obra continua a ressoar na sociedade contemporânea, especialmente ao abordar temas como a busca pela validação social, quando vemos a necessidade de performance nas redes sociais, aspectos que são tão presentes em nosso cotidiano, o que se convencionou chamar de a "Sociedade do Espetáculo".

Tanto pelo tema quanto pela trama, o livro destaca a importância de viver uma vida plena, sem arrependimentos. No entanto, devo alertar que a representação gráfica do fim depressivo pode não ser adequada para leitores sensíveis ou que não estejam em um estado emocional estável. Mas, recomendo este livro a todos que estão bem e buscam uma leitura impactante.

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sábado, 25 de maio de 2024

Resenha do livro "Filhos de Duna (Crônicas de Duna, #3)"

 

Filhos de Duna (Crônicas de Duna, #3)Filhos de Duna by Frank Herbert
Minha nota: 4 of 5 estrelas

Não foi o melhor até agora, mas fecha bem a trilogia inicial

Terminei a leitura de "Filhos de Duna", terceiro livro da saga Duna de Frank Herbert, e posso dizer que foi uma experiência interessante, embora desafiadora. Este volume é longo como o primeiro e, apesar de ser envolvente em alguns momentos, não me prendeu tanto quanto os outros dois. Talvez por isso tenha demorado mais para terminar. No entanto, a surpresa nos rumos que alguns personagens tomaram, especialmente aqueles que acompanhamos desde o primeiro livro, foi um ponto alto.

O estilo de escrita de Herbert continua como nos livros anteriores, com diálogos bem construídos e muita ação. Porém, houve momentos em que a leitura se tornou cansativa, o que pode ter influenciado minha experiência. A narrativa, em alguns pontos, pareceu se arrastar, exigindo mais paciência.

Sem entrar em muitos detalhes para não dar spoilers, posso dizer que "Filhos de Duna" explora bem o desenrolar dos acontecimentos dos livros anteriores. Acompanhamos o destino dos personagens já conhecidos, e confesso que fiquei desapontado com o triste fim de alguns deles. Em contrapartida, foi interessante conhecer os "filhos de Duna" e acompanhar suas jornadas. A trajetória de "O Pregador" é particularmente intrigante e traz uma nova camada à história.

Um tema que Herbert aborda de maneira sutil é o impacto das decisões presentes no futuro e a relatividade do tempo quando se analisa pensando em séculos. Esse aspecto adiciona profundidade à trama e nos faz refletir sobre as consequências a longo prazo de nossas ações. Apesar de não ser o foco principal, essa reflexão é um dos pontos fortes do livro.

A trilogia termina muito bem com "Filhos de Duna", embora este não seja o meu volume favorito da saga. O primeiro livro ainda ocupa esse lugar. Foi interessante ver o desfecho do arco iniciado em "Duna" e acompanhar o crescimento e os desafios enfrentados pelos novos protagonistas. Recomendo a leitura da trilogia a todos os fãs de ficção científica, mas não tenho certeza se continuarei com os próximos livros da série.

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quinta-feira, 2 de maio de 2024

Resenha do livro "Matéria Escura"

Matéria EscuraMatéria Escura by Blake Crouch
Minha nota: 5 de 5 estrelas

Terminei a leitura de "Matéria Escura" de Blake Crouch, na véspera do lançamento da série de tv, e posso dizer que foi uma experiência intensa, acabei em 24 horas. Este foi o primeiro livro que li do autor, e fiquei positivamente impressionado com sua habilidade de prender o leitor do início ao fim. O livro é classificado como ficção científica, mas diria que é, acima de tudo, um thriller. Se você não conhece o autor, prepare-se para uma leitura cheia de reviravoltas.

Na história seguimos um cientista cuja vida muda drasticamente após ser sequestrado e acordar numa circunstância bem estranha. Sem entrar em detalhes da história, acompanhamos uma narrativa contada em primeira pessoa, o que nos coloca diretamente na mente do protagonista e faz com que vivamos todas as suas descobertas de maneira intensa. O estilo de escrita do autor é fluido, com capítulos relativamente curtos que mantêm o ritmo acelerado e a tensão constante.
 
Diferente das clássicas ficções científicas onde, na maioria das vezes, a trama muitas vezes supera o desenvolvimento dos personagens, aqui se destaca a profundidade emocional. O protagonista passa por uma luta pessoal tão envolvente quanto os mistérios científicos que ele enfrenta. Uma pequena crítica é que, em certo momento, devido à narrativa, algumas personagens são deixadas de lado, deixando-nos com aquela vontade de saber um pouco mais sobre o que acontece com elas. No fim, dá até para dizer que a história principal do livro é apresentar o quanto o amor à família pode impulsionar uma pessoa.

Comparada a outras sci-fis, "Matéria Escura" equilibra bem as explicações científicas com a narrativa, tornando a leitura acessível mesmo para aqueles que não são entusiastas do gênero. Apesar de alguns pontos exigirem uma suspensão de descrença, isso não diminui a diversão da história.

Recomendo "Matéria Escura" para todos que apreciam uma boa história cheia de suspense e emoção, independentemente de serem fãs de ficção científica. Estou ansioso para ver como a adaptação para a série irá retratar toda a história; Já vi até o 3º episódio, e está bem fiel ao conteúdo original.

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